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@CLIO: História Digital e História Pública entre Teorias e Práticas

 

  1. Nome das proponentes: Luana Borges Lemes e Raisa Sagredo 

  2. Titulação e vínculo institucional: Luana Borges Lemes - Doutoranda em História do Tempo Presente (UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina); Mestra em História Cultural (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina) e  Graduada em Comunicação Social - Publicidade e Propaganda (Centro Universitário Franciscano). Raisa Sagredo - Doutoranda em História Global (UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina); Mestre em História Cultural (UFSC); Licenciada e Bacharel em História (UFSC) e em Pedagogia (UNINTER).

  3. E-mail: Luana Borges Lemes: luborgeslemes@gmail.com / benditascursos@gmail.com; Raisa Sagredo: raisawsagredo@gmail.com / conteudo.antiga.mente@gmail.com

  4. Quantidade de vagas: LIVRE

  5. Ementa:  Encontrar-se em rede é viver no século XXI e ensinar e aprender História se tornou parte dessa dinâmica espectral de conexão com as Humanidades Digitais. Essa sensação de professores e estudantes estarem sempre “on” está transformando as formas de aprendizagens e, até mesmo, a cognição e a concentração para estudar ou elaborar aulas. A ansiedade gerada na era das telas e janelas simultâneas ao cotidiano analógico é um fator geracional que também fundamenta novas formas de pensar a História. Nesse contexto tudo é real, inclusive o digital e suas interações sociais, mas ainda percebemos impasses de uma tradição historiográfica e institucional cartesiana ao desconsiderar as fontes de pesquisa no meio digital e as abordagens teórico-metodológicas em termos de construção de narrativas e Divulgação Científica. Adaptar a linguagem da Ciência Histórica, bem como da disciplina como método historiográfico aliando ferramentas da comunicação digital é inserir a produção científica no movimento contemporâneo da História Pública e assumir uma “atitude historiadora”, (MAUAD, 2021), de estímulo intelectual e técnico ao integrar diferentes espaços e públicos, a fim de aproximar a sociedade da interpretação crítica do seu passado e as múltiplas temporalidades. Conectada às tecnologias na educação, a História Pública emerge como campo de atuação profissional situado na História do Tempo Presente, que requer a nova habilidade do historiador como divulgador de si ou do próprio ofício (CARVALHO; TEIXEIRA, 2019). Além desse desafio de historiar em um mundo digital, conhecer o público se torna imprescindível, bem como aprender sobre as funcionalidades das plataformas digitais, para avaliar e construir exposições historiográficas digitais. Para tanto, o enfoque do minicurso será a segmentação do público, a construção narrativa direcionada, a definição temática do conteúdo digital, a identidade visual e a linguagem estratégica a partir de técnicas de copywriting e roteirização de conteúdo científico, além de ferramentas de engajamento social junto aos algoritmos das mídias sociais. Visto isso, o minicurso está organizado em três blocos enfatizando diferentes aspectos para os historiadores se inserirem nos debates e práticas digitais: no primeiro dia abordaremos conceitos essenciais nessa imersão, a saber: História Pública, Divulgação Científica, Humanidades Digitais, História Digital, entre outros, a partir de análises de produções historiográficas digitais; no segundo dia vamos debater os conceitos introduzidos no primeiro dia, para pensar a indústria cultural, questões éticas e reflexões sobre o historiador com CNPJ, os usos do passado na era digital, o consumo dos conteúdos digitais e as possibilidades da Históra Digital ao ensino, pensando na educação básica e superior; por último, no terceiro dia, o aporte técnico e prático será destacado, para instruir os participantes sobre como divulgar ciência no meio digital compreendendo as funcionalidades das plataformas YouTube e Instagram.

  6. Desenvolvimento: Aula expositiva dialogada e debates online a partir de leituras sobre os conceitos de História Pública e Humanidades Digitais, para articular ideias e analisar novas formas de Divulgação Científica da História no digital, inserindo os participantes na conceitualização básica, nos debates historiográficos e no aporte técnico da linguagem e da produção de conteúdo histórico nas mídias digitais. O minicurso é organizado em três dias, cada um com ênfase em diferentes aspectos da temática. 1º dia: “Iniciar download: trabalhando conceitos”. O primeiro dia do minicurso é dedicado a uma introdução de conceitos essenciais para a imersão dos historiadores e professores no mundo da História Digital. São eles: Humanidades Digitais, História Pública, História Digital, Divulgação Científica, Negacionismo e Pluralismo Historiográfico, Memória e História do Tempo Presente. Serão apresentados os principais pesquisadores que trabalham os temas, propondo um diálogo crítico, interdisciplinar e transdisciplinar entre as áreas da História, Pedagogia e Marketing Digital.  2° dia: “Uma encruzilhada digital: debates e possibilidades”. A partir dos conceitos já explorados no primeiro dia problematizar os mesmos pensando os desafios da História Pública e a sua relação com o fenômeno do negacionismo, a fim de priorizar o pluralismo historiográfico (ÁVILA, 2021); debater ética envolvendo a aceleração do tempo na produção e no consumo dos conteúdos digitais (KLEINBERG, 2020) e da relação capitalista da indústria cultural com o passado (MORAIS, 2021), ao construir narrativas do passado e a monetização desses conteúdos imbricando usos políticos nas mídias digitais, assim como a propagação “viral” de discursos - como a exemplo do fenômeno do Medievalismo à serviço de espectros da Direita no Brasil (PACHÁ, 2019; GUERRA, 2021). Os debates conduzirão o minicurso para a responsabilidade social do historiador de construir uma consciência histórica sobre narrativa diversas do passado ao público amplo e de ocupar espaços públicos e digitais de informação e de formação, o que reflete na construção da autoridade do profissional nas mídias digitais. A conclusão da segunda parte será pautada na importância de nós historiadores (re)pensarmos a produção da História com enfoque no público amplo e no engajamento com o mesmo mediante as funcionalidades do marketing digital, a fim de democratizar o conhecimento científico para além do muro que discrimina Academia e sociedade. 3ºdia: “Produção de conteúdo nas redes - um clique inicial”. O último dia do minicurso será dedicado a explorar os universos de duas redes específicas de produção de conteúdo: as plataformas do YouTube e do Instagram. A partir da introdução técnica sobre a dinâmica dessas plataformas (como funcionam os algoritmos, taxa de retenção, copywriting, Direitos Autorais, hypes, produção de cards e thumbnails, entre outras ferramentas), buscamos a compreensão dos ouvintes para produzir em ambas as redes. O objetivo da terceira parte do minicurso é proporcionar ferramentas práticas, para que os ouvintes possam pensar e desenvolver projetos futuros nessas plataformas, tanto no quesito de monetização de redes nesse novo ofício do historiador com CNPJ, quanto na atuação de professores da Educação Básica ao usar as redes para produzir divulgação científica e desenvolver projetos de História Pública com seus estudantes mobilizando um processo de aprendizagem com entusiasmo e se aproximando das realidades de seus educandos imersos na era digital (FREIRE, 2001; HOOKS, 2017).

  7. Objetivos: O objetivo pedagógico do minicurso é promover a diversificação das habilidades dos/as historiadores/as, na perspectiva da História Pública e da comunicação digital, para qualificar as possibilidades de acesso ao mercado de trabalho e ao professor da Educação Básica que almeja aproximar-se de seus educandos e aprimorar o uso pedagógico de suas linguagens. Além disso, objetiva-se também democratizar os conceitos e debates em torno da História Pública, História Digital e Divulgação Científica. Nas três etapas do minicurso, busca-se incentivar a produção de conteúdos de Divulgação Científica, ou seja, ampliar a publicização da produção acadêmica à comunidade e capacitar profissionais da História, da Educação Básica, de instituições culturais, museus e em atividades sociais e políticas para elevar o alcance do público amplo ao conhecimento histórico, ocupando os espaços digitais de informação e formação. Após trabalhar a parte teórica, o minicurso objetiva proporcionar as ferramentas técnicas básicas para que os participantes possam desenvolver projetos científicos nas redes digitais.

  8. Diálogo: O diálogo entre o presente minicurso e o “I Congresso Internacional de Humanidade Digitais, Cultura e Ensino” e o “II Simpósio Nacional em Mídias,  Tecnologias e História” ocorre pelo conteúdo transdisciplinar já exposto, que entrelaça conceitos essenciais entre História, historiografia e mídias digitais, junto a debates recentes em torno do tema. Alinhado à proposta dos eventos, buscamos pensar criticamente a relação entre os historiadores e a História Digital, inserindo os participantes nas recentes discussões e proporcionando a apropriação sobre o conhecimento de ferramentas práticas para viabilizar esse novo “ofício do historiador” e da historiografia digital. Assim como o evento se propõe a (re)pensar o Ensino sob o contexto social da era digital repleta de desafios, o minicurso convida os participantes a experienciar possibilidades: promover o fazer histórico com a perspectiva da própria resistência enquanto profissionais da preservação de memórias e consciência histórica, como a ocupar os espaços digitais, refletir sobre como utilizar essas ferramentas tanto no Ensino como na perspectiva de monetização da produção de conhecimento científico em plataformas digitais. Através dessa perspectiva crítica, interdisciplinar e transdisciplinar, o minicurso busca observar as camadas temporais advindas da emergência massificada da realidade digitalizada dos últimos dez anos. Por fim, a abordagem de Cultura, Humanidades Digitais e Ensino como questões indissociáveis na contemporaneidade fundamenta a proposta de minicurso, justamente, ao construir uma teoria e prática que estimule o entusiasmo no processo de aprendizagem dos estudantes e nas perspectivas pedagógicas críticas (FREIRE, 2001; HOOKS, 2017), propondo através da História Pública e da Divulgação Científica uma aproximação com o público e com os estudantes e suas novas realidades vividas.

 

Referências

AVILA, Arthur Lima. Qual passado escolher? Uma discussão sobre o negacionismo histórico e o pluralismo historiográfico. Revista Brasileira de História [online]. 2021, v. 41, n. 87. Disponível em: https://bityli.com/lWApz. Acesso em: abr. 2022.

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de; TEIXEIRA, Ana Paula Tavares. História Pública e divulgação de história. São Paulo-SP, Ed. Letra e Voz, 2019.

FONTOURA, Odir. Narrativas históricas em disputa: um estudo de caso no YouTube. Revista Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 33, n. 69, p. 45-63, jan. 2020. Disponível em: https://bityli.com/BGqptL. Acesso em: abr. 2022.

CARVALHO, Bruno Leal Pastor de; TEIXEIRA, Ana Paula Tavares. História Pública e divulgação de história. São Paulo-SP, Ed. Letra e Voz, 2019.

FREIRE, Paulo. A história como possibilidade, Educando o Educador. In: Pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: EDUNESP, 2001. pp.49-52; 55-84.

FREUND, Alexander. Sob o encanto da contação de estórias? História oral numa era neoliberal (p.159-223). Tradução: Maria Cristina Itokazu. História do tempo presente: oralidade, memória, mídia / Janice Gonçalves (org.). Itajaí - SC: Casa Aberta, 2016. Disponível em: <https://bit.ly/2B76eLe>. Acesso em: maio 2020.

GUERRA, Luiz Felipe Anchieta. Neomedievalismo político no Brasil contemporâneo. In: Medievalismos em olhares e construções narrativas. Volume 1. 2021.

JAMBEIRO, Othon; PEREIRA; Helena; BARRETO, Ângela Maria. Bibliotecas digitais: uma nova cultura, um novo conceito, um novo profissional (p. 263-292).  In: MARCONDES, Carlos H.; KURAMOTO, Hélio; TOUTAIN, Lídia B.; SAYÃO, Luís (orgs.). Bibliotecas digitais: saberes e práticas. - Salvador/BA. EDUFBA: Brasília: IBICT. 2005. Disponível em: <https://bit.ly/38XOZsh>. Acesso em: maio 2020.

HOOKS, Bel. Introdução; Uma revolução de Valores?; Teoria como prática libertadora. In: Ensinando a transgredir: a educação como prática da liberdade. São Paulo: Martins Fontes, 2017. pp 9-24; 37-50 e 83-104.

KLEINBERG, Ethan. Historicidade espectral: teoria da história em tempos digitais. Vitória: Editora Milfontes, 2020.

LEMES, B. Luana. História do Tempo Presente, História Pública e a divulgação científica da história. Entrevista com CARVALHO, Bruno Leal Pastor de Carvalho. Disponível em: <https://bit.ly/2C6BOJD>. Acesso em: maio 2020.

MAUAD, Ana Maria. História  Pública  no  Brasil. In: BORGES, Viviane Trindade.; RODRIGUES, Rogério Rosa. História pública e história do tempo presente. São Paulo: Letra e Voz, 2021.

MORAIS, Luan L. O 'mito' fundador luso-brasileiro: apropriações do passado medieval europeu na construção de uma identidade nacional em 'Brasil, a última cruzada'. In: GATT, Pablo; CARNIEL, Joana Scherrer (org.). Estudos em Medievalismo: sociedade, poder e cultura, vol. II. Vitória - ES: Letamis - Laboratório de Estudos Tardo Antigos e Medievais Ibéricos e Sefaradis Universidade Federal do Espírito Santo, 2021. (p.203-232).

OLIVEIRA, Nucia Alexandra Silva de. História e Internet: conexões possíveis. Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 6, n. 12, p. 23 - 53, 2014. Disponível em: https://www.revistas.udesc.br/index.php/tempo/article/view/2175180306122014023 Acesso em: out 2022.

PACHÁ, Paulo. Por que a extrema direita brasileira ama a Idade Média europeia.  Disponível em  https://www.viomundo.com.br/politica/paulo-pacha-por-que-a-extrema-direitabrasileira-ama-a-idade-media-europeia.html. Acesso em: nov 2022.

RESULTADOS DIGITAIS. Como escrever para blog, conquistar leitores e produzir com consistência (2020). Disponível em: <https://bit.ly/2B2F1JB>. Acesso: maio 2020.

SAUNDERS, Manu. Blogs de comunidade científica: reconhecendo o valor e mensurando o alcance. Tradução de Ana Paula Tavares Teixeira e Bruno Leal Pastor de Carvalho. In: Café História – história feita com cliques. Disponível em: <https://bit.ly/2WoQIS9>. Publicado em: 26 fev. 2018. Acesso em: maio 2020.

SOUSA, Antonio Paulino de. Gênese Social do Editor e as Novas Condições de Produção do Livro. Caderno CRH, Salvador, v. 28, n. 73, p. 215-230. Jan./Abr. 2015. Disponível em: <https://bityli.com/epj8a>. Acesso em: maio 2020.

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