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Discurso de ódio: Uma herança do colonialismo nas redes sociais

1 - Nome das proponentes: Larissa Cristina Pacheco e Danielle Cristina Silva

2 - Titulação e vínculo institucional: Larissa é graduada e licenciada em História pela UFCAT e mestre em História também pela UFCAT. É aluna especial de doutorado do Programa de Pós Graduação em Educação na UFU. Bombeira militar em Goiás e atua no serviço operacional e como pesquisadora da instituição na sessão de pesquisa, cultura e museu e ainda instrutora do Programa Educacional Bombeiro Mirim. Pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Pesquisa e Estudos Culturais (NIESC). Danielle é graduada em Sistemas de Informação pelo Centro Universitário de Patos de Minas. É aluna da pós-graduação em Educação na UFU. Professora efetiva do Instituto Federal do Triângulo Mineiro - Campus Uberlândia Centro.

3 -  E-mail: Larissa Cristina Pacheco:  larissacrispacheco@gmail.com; e Danielle Cristina Silva daniellesi2007@gmail.com

4 - Quantidade de vagas: 20 vagas

5 - Ementa: Muito se fala sobre discurso de ódio, mas este seria um fenômeno estritamente contemporâneo? Para responder essa pergunta precisamos fazer uma investigação nas raízes ideológicas no fenômeno da colonialidade. A diferença entre colonialismo e colonialidade está no fato de que a última representa o padrão colonial de poder vigente na estrutura sistêmica de sociedades de cultura ocidental, mesmo após os processos de descolonização formal. Assim, as diferenças físicas, culturais, raciais e de gênero entre europeus e americanos e africanos foram percebidas não como fatores de diferenciação, mas de hierarquização e desigualdade, os quais os grupos dominados foram vistos como intrinsecamente inferiores.

A forma de manter as relações de dominação dos grupos dominados seja confiando-lhes os bens ou super explorando sua força de trabalho, foram mantidos em condição de subordinação e inferioridade pelo discurso que os coloca como selvagens, degenerados, irracionais e não plenamente humanos. Negros e indígenas eram reconhecidos como bestiais, sexuais, selvagens, místicos, primitivos. Essas e outras percepções estereotípicas, construídas sobre povos colonizados, conferiam autoridade ao domínio político e territorial colonial como única alternativa possível. Esta retórica de progresso, de evolução e de civilização está enraizada até hoje para assujeitar grupos que fogem ao padrão ético, estético e cultural do Ocidente de forma que o colonialismo seja não apenas um fenômeno territorial e político, mas sobretudo discursivo.

São nos discursos de ódio como expressão de colonialidade que um sistema discriminatório ainda é mantido de forma radical, explicita e intolerante através de marcadores de diferença e inferioridade como raça, gênero, sexo, nacionalidade, religião e é na internet que estas vozes ganham ‘forma’ e viralizam em postagens, comentários, curtidas, compartilhamentos em redes sociais.

6 - Desenvolvimento: primeiro dia aprofundar em conceitos de colonialidade, colonialismo e decolonialidade. Segundo dia, contextualizar discurso de ódio e redes sociais.

6.1 Atividade prática e Avaliação: realizar a leitura de recortes de comentários com conotação agressiva, coletados do Instagram e Facebook como arcabouço para desenvolver atividades de reflexão com os participantes.

7 - Objetivos: Este mini curso visa aprofundar no debate sobre os discursos de ódio travado nas redes sociais na perspectiva da colonialidade denotando o quanto ela ainda é pujante e latente na sociedade e principalmente no ciberespaço.

8 - Diálogo: o tema discurso de ódio e colonialidade se relaciona com a proposta do II Simpósio Nacional em Mídias Tecnologias e História pois trata a historicidade do processo de colonização e das relações de exploração dos grupos dominados e como estas práticas refletem nos dias atuais em comentários ou participações agressivas em redes sociais que incitam ódio e violência nos mesmos grupos que foram marginalizados.

Referências:

ALBUQUERQUE JÚNIOR, Durval Muniz de. Preconceito contra a origem geográfica e de lugar: As fronteiras da discórdia. São Paulo: Cortez, 2007.

BHABHA, Homi K.  O local da cultura. Belo Horizonte, Editora UFMG, 2005.

BERNADINO-COSTA, Joaze; MALDONADO TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon. Introdução: Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. In: BERNADINO-COSTA, Joaze; MALDONADO TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon (Orgs.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

GROSFOGUEL, Ramón. Para descolonizar os estudos de economia política e os estudos pós-coloniais: transmodernidade, pensamento de fronteira e colonialidade global. SANTOS, Boaventura Sousa e MENESES, Maria Paula (Orgs.). Epistemologias do Sul. Edição Almedina S/A, Coimbra, 2009.

MALDONADO TORRES, Nelson. Analítica da colonialidade e da decolonialidade: algumas dimensões básicas. In: BERNADINO-COSTA, Joaze; MALDONADO TORRES, Nelson; GROSFOGUEL, Ramon (Orgs.) Decolonialidade e pensamento afrodiaspórico. Belo Horizonte: Autêntica, 2020.

MCLAREN, Peter. Multiculturalismo Revolucionário – Pedagogia do dissenso para o novo milênio. Porto Alegre: Artes Médicas do Sul, 2000.

QUIJANO, Aníbal. Dom Quixote e os moinhos de vento na América Latina. Estudos Avançados, n. 19 (55), 2005.

SANTOS, Marco Aurelio Moura dos. O discurso do ódio em redes sociais. São Paulo: Lura Editorial, 2016.

 

WALSH, Catherine. INTERCULTURALIDAD Y COLONIALIDAD DEL PODER: Un pensamiento y posicionamiento “otro” desde la diferencia colonial. In:  CASTRO GOMES, Santiago; GROSFOGUEL, Ramón. El giro decolonial:  Reflexiones para una diversidad epistémica más allá del capitalismo global. Bogotá, Colômbia, 2007.

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